segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Morre lentamente | Poema #1





"Morre lentamente quem não viaja, quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente,
 quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente,
quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajetos,
quem não muda de marca,

não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente,
quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente,
quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco
e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos, 

corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente,
quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos
.
Morre lentamente,
 quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente,
quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo 
exige um esforço muito maior que o simples facto de respirar."


Pablo Neruda

Decidi trazer-vos um dos meus poemas preferidos e que me toca mais. Espero que gostem e que bebam as emoções que transmite.


Rose Mary



1 comentário: