Noites destas

Porque eu não tenho vindo muito aqui, devido às coisas que têm insistido em me acontecer, eu peço muitas desculpas. 

Além destas "pequenas" coisas que se têm juntado para fazer-me sofrer, perder e sentir que a minha vida é um completo desastre e desilusão, os testes estão a começar e eu ando muito nervosa e ansiosa pois tenho-me distraído muito da escola e dos estudos. 

Enfim...

Eu sei que vou parecer uma idiota a falar daquilo que estou prestes a vos contar logo após de ter mencionado o facto de ter-me abstraído dos estudos e sentir-me num mau estado de nervos por causa desse tal descuido... Mas não posso fazer nada quanto a isso e vou contar na mesma..

Sábado, saí à noite com o meu grupo de sair. Fomos para o nosso spot, o nosso cantinho, fazer disparates (como sempre), loucuras, sentir a liberdade e a juventude que nos possuía naquele momento. Éramos crianças, sentia-mo-nos como tais. Só nos riamos, gritávamos, brincávamos como uns tolos, e tudo isso já quando estávamos um pouco "quentes".

Até que encontrei um pessoal, tudo rapazes mais velhos, que tinham bebida consigo. Um deles eu até já tinha conhecido numas saídas durante o verão.  Fui falar com eles, pedir-lhes um cigarro e começamos na conversa.
Uma alegria....

Não me lembro de muitos pormenores, lembro-me de alguns, talvez um pouco vagos. Sei o que aconteceu, sei que fizemos coisas que nos arrependemos mas também sei que fiz coisas boas tais como em recusar muita coisa.... O que é que eu recusei?, devem estar-se a perguntar...

Recusei um pedido de namoro daquele tal gajo que eu disse que já conhecia... Estávamos ambos muito bêbedos e ele não parava de insistir, até que uma amiga minha, que estava sóbria, agarrou-lhe no braço e disse para se afastar e me deixar da mão porque eu não queria nada com ele e já estava comprometida. Recusei também outros três gajos que queriam "comer-me";  pertenciam eles àquele pessoal que era mais velho com quem eu fui falar e que passamos a dar bem e a estar com eles. Um desses gajos que queria estar comigo era lindo, lindo, lindo! Olhos azuis, covinhas, alargadores, um estilo do caraças... Mesmo assim mantive-me fiel ao meu bby boy, porque simplesmente gosto demasiado dele. 

Admito que esse rapaz dos olhos azuis ainda conseguiu dar-me três beijos no canto da boca, porque quando me fui despedir, ele disse que queria "um beijinho" e eu virei a cara e ele quase que acertou. Mas eu como já estava adivinhando que ele ia tentar, virei mais ainda, o que fez com que calhasse no canto do lado da boca. Depois de despedir-me com dois beijo na cara deles todos, o rapaz dos olhos azuis disse que eu era muito linda e que queria mais um beijinho. Avisei-lhe pela 100ª vez que eu estou a namorar... Mas ele não ligou, tentou novamente, e o mesmo voltou a acontecer, como vocês podem presumir. 

Enfim, que noite... Caí, partimos garrafas de vidro, conhecemos uns rapazes da Barcelona que estavam a passear por ali, corremos, rimo-nos com as asneiras que dizíamos, fomos desafiadas a ir buscar um telemóvel dentro das boxers de um amigo meu, choramos de rir, fizemos coisas que se estivéssemos sóbrias nem pensaríamos em fazer, coisas que nos envergonham um pouco mas que dão para rir até não poder mais, e coisas que vão para além da vossa imaginação. (ahah)

O pior? A ressaca. A ressaca de hoje foi terrível. Nunca tinha acordado tão irritada como acordei hoje. Chateei-me com todos, dei raspanetes e sermões às minhas meias irmãs pequenas, quase que andei à porrada com a minha irmã mais nova, e pronto, coisas que uma adolescente abespinhada, indisposta e rabugenta. 

Deu-me para fumar muito, e pronto. Lentamente foi passando a má disposição.

Meu pai só se ria... 

Quero que ele se lembre destas coisas quando se for embora. Que se lembre que eu confiava-lhe estas pequenas grandes coisas, que somos como melhores amigos. Qual é o pai que permite que a sua filha de 16 anos fume à sua frente? O meu, porque fui eu que lhe confiei isso, que lhe contei, que lhe expliquei a minha situação sem imagináveis razões. Deve causar dor, não deve? Uma rapariga tão nova, a lidar já com vícios, problemas que não tinha nada que lidar, coisas que não lhe deviam atormentar e que na verdade esmagam-lhe. E isso esmaga-lhe a ele. 

O meu pai é forte, mesmo muito. Mais forte que ele, juro que não há.

Quero que se lembre de noites destas. Noites em que saio, e que chego a casa e sei que ele sabe de tudo. Noites em que chego a casa, carregando uma enorme dor no peito afogada em vodka, whisky, cachaça e absinto. Mas não é isso que eu quero que ele recorde. Eu quero que ele tenha na memória é que eu não tenho medo de ser eu própria com ele. Eu não tenho medo de cometer os erros e dizer-lhe o que aprendi, e porque é que aprendi. Eu não tenho medo de pedir-lhe ajuda, porque algo deu para o torto. Não tenho problemas nenhuns em contar-lhe seja o que for, porque sei que ele compreende e tem força suficiente para poder ouvir-me, para poder olhar para mim depois disto e ainda dizer que tudo ficará bem. Que tudo está bem. 

Não tenho problemas nenhuns em partilhar a minha vida com ele, a minha vida mesmo. É o meu pai, não vai julgar-me, ele sabe quem eu sou. E só quero que, de dia para dia, me conheça ainda melhor. Porque apesar de tudo, ele vai sempre continuar a amar-me, tal como, depois de tudo o que ele fez e o sofrimento que nos causou, eu o perdoei e continuei a amar-lhe de igual forma.

Mas isto já são coisas que não estão para aqui chamadas!

Enfim...

Noites dessas, é para se repetir... "Viver a vida ao máximo", é ou não é?

Biaa